MANHÃS DE NEVOEIRO
Madrugada pura e romper do dia,
Enquanto pulo do quente conforto
De uma cama, já demasiado vazia
E me desassossega a outro porto...
Abro a porta, de soslaio e espreito
Num ar desconfiado e a meu jeito,
Respirando o ar matinal da neblina
Que de noite se foi juntando, à fina.
Saio à rua e acerto em pedra solta,
Que me leva a qualquer praguejo,
Pouco enxergando à minha volta,
Tal a névoa que por de mais vejo.
Por ora, de nada mais esperando,
Mais desperto e trajecto pedonal,
Lá sigo, nesse caminho sinusoidal,
Que pouco a pouco vai findando...
Para lá deste lugar, noutro norte,
Existirá o asfalto, se tal conseguir,
Pois que, nesta bruma, será sorte
O destino certo e aonde quero ir.
Acalmo os latidos dalguns perros,
Que não deixam de me perseguir
E que saídos por detrás dos cerros
Tudo teimam à ideia de me bulir...
Calmos, cada um no seu caminho,
Alcanço o outro oposto do monte
E ali espero, ao recanto, sozinho,
Num orvalho, qual água de fonte.
... E nesse meu tempo de espera,
Ajeito o último enquadramento
À câmara que meu dedo dispara,
Pois que é chegado o momento...
Os instantes falam pela imagem,
Pela recordação que tanto ficou,
No estender daquela paisagem
E de tudo e quanto que marcou...
Voltarei e cheio de imaginação,
Quem sabe, numa maior ilusão
Naquilo que poderei alcançar...
E, porventura, nunca encontrar.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( francisfotoProfimagens ©® )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
ERUPÇÃO
Liberta esse teu vulcão,
A magia dessa retida erupção,
Deixa escorrer esse magma
Ao encontro da minha mão...
Encontra no meu derretido corpo
Aquilo que não encontras no teu,
Nesses teus magistrais deleites,
Aquilo que tanto é fogo e explosão,
Combustível deitado à chama,
Acendalhas, num forno que é meu,
Ao rubro, se tal quiseres,
Cambraia ardente, neste renascido trapo.
Deixa escorrer essa lava
Por tuas onduladas encostas,
Saboreia, à temperatura, o que mais gostas,
No teu templo e arcadas, de afrodisíaca diva...
Rebenta, de prazer, levando tudo à tua volta
E em superfície que se dilata...
Revolta-te, numa revolta que eu próprio senti,
Expelindo do oculto que há em ti
E que não pára como singela combustão,
Demasiado frenética, de cortar a respiração...
Explode e devora o existente, nessa tua acção,
Nessa força, loucura incontrolável e paixão,
Mostrando todo o teu poder,
Numa dor, que já não é dor... mas prazer!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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RETRATO DE FRIAS RUAS
Ah, meu pobre, senhor da calçada!...
Dormindo, pela noite e ao relento,
Teu frio, tua fome, é-me alcançada
E tuas tristezas são meu lamento...
Lágrimas, a companhia na solidão,
São as águas em que lavas o rosto
E teu companheiro é esse fiel cão,
Sempre a teu lado e bem-disposto...
E nas chagas, que te atormentam,
Passas as tuas mãos, tantas vezes...
E são tantas, que já não contam!
Esse teu corpo, coberto de dores,
Já tão-pouco relembra os amores
Desses tempos de outros furores...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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TUA LUTA, CHE GUEVARA!...
Num mundo de desigualdade e corrupção,
Que algo mais poderei dizer!?...
Volta!... Volta, meu destemido herói,
Neste ardor que tanto me corrói!...
Tu, ausência de desprezível tentação,
Entregando teu corpo à causa e sofrer
Por quem de menos te agradeceu,
Volta, irrigando as veias já secas,
Neste percorrer de tantas épocas...
Num mundo de usurpadores, crápulas,
Tendenciosos, ao dobrar das mais esquinas,
Apregoando o que não sabem cumprir...
Triste, este universo por qual lutaste
E que entregaram de mão beijada,
... Tanta luta, que não serviu de nada!
Muitos, os tais loucos que te recordam,
Bebem da tua força, do teu saber...
Pena daqueles que não acordam
E mais de quem nunca te esqueceu,
Tão-pouco o amor que lhes deixaste,
Nesse teu confronto e sempre a sorrir...
Meu sangue, como gostava de te ter conhecido!
Hoje, cada vez mais convencido,
Sinto a tua falta, a tua experiência
Acima de tudo... e a tua sapiência!
Cada dia mais te vivo, como minhas entranhas,
Minhas veias e sangue, minhas forças estranhas
Em que percorro meu pensamento...
Tu, és meu vinho, minha linfa, meu alimento!
... Que a tua presença seja eterna, chama viva,
De quem nunca te há-de esquecer
Neste mundo e por mais te cultiva!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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