MENDIGOS
Como latente peão de rua,
Não sei mesmo o que faça;
Se fique aqui a olhar a Lua,
Ou se chore a minha raça?...
Os caixotes ficaram vazios,
Ao romper da madrugada,
Foram mais os corpos frios,
Que as pedras da calçada...
Eram tantos os mendigos,
Tamanha as suas misérias
E débeis seres ressequidos.
Ásperas vestes, retalhadas,
Eram conforto às artérias,
Secando almas molhadas...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
GALOPAR DO TEMPO
Como o tempo galopa
E sem que dêmos por isso,
Perfeito passo de tropa,
Sem o menor compromisso...
Afogados em tristezas,
Sem interesse na vida,
Sonhando com realezas,
Mesmo pela despedida.
Todos temos um destino
E sem lhe darmos o valor,
Desde tempo de menino...
Pensando sermos eternos,
Esquecendo quanto amor,
Dando chama aos infernos...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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CIRCUNSTÂNCIAS
Toca a trompa e o trombone,
Por entre passadeira vermelha,
Esperando-me o cicerone,
Mostrando o que tão se espelha.
O que se anuncia, tal não sei,
Sabendo que é dia de festa,
Em anúncios por onde andei
E recordações do que me resta.
São sonhos a que me aconchego,
Longe de qualquer realidade,
Tão bom e se tal fosse verdade...
Pois que gostaria e não renego,
Mas tanto seria demasiado,
Para um ser que é enteado.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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CAMPOS DA PLANÍCIE
Sinto o cheiro dessa onírica paisagem!...
Liberte-me, o campo, dessa saudade,
Entregando-me tamanha essa imagem
E levando-me para longe da cidade.
Quero, de novo, sentir a luz da planície,
Ouvir e ver, o reboliço da passarada,
Sonhar, ao pôr-do-sol e que se inicie,
Enquanto me sobrevoam em debandada.
Observar aquele deslizar do riacho,
Em águas, como se lágrimas se tratassem,
No melodioso relinchar de um macho.
Passear, por entre a chuva que vai caindo,
Como se todas essas gotas me falassem,
Mergulhando em qual Verão que me foi findo.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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ESTA SOCIEDADE LUSA...
Vamos deixar-nos de histórias e desculpas, e chamemos os bois pelos nomes: os portugueses são uns cobardes! Arranjam sempre desculpas para qualquer problema que exista: se chove, é porque chove, se faz sol, é porque faz sol e assim sucessivamente... Choram no silêncio do conforto, nunca pensando por sua própria cabeça, mas por defesa deste, ou daquele partido, ou sindicato e nunca aprendendo com os erros. Têm memória bastante curta: veja-se o caso dos incêndios, Borba, corrupções, trafulhices bancárias, parlamentares e partidárias, situações caricatas e desonestas, passadas por este país fora, transversalmente, mas continuamos, calmos, – para não dizer parvos! – e serenos, como se estivesse tudo bem e sem que a justiça se manifeste a tempo e horas, para que tudo seja esquecido... São sempre, – repito: sempre! –, os mesmos a pagar as dívidas do país, os impostos, a roubalheira e seja ela qual for, desde que seja dos banqueiros, ou outros que tais, em que os políticos e maiores trafulhas, se protegem, enquanto nós apoiamos,– sim, apoiamos! –, pois que nada fazemos para que se alterem estas realidades. Seja, qualquer que seja, a tentativa de manifestação de descontentamento, aparece, logo e de imediato, alguém a dizer que são organizações de Direita, ou de Esquerda, mas sem nunca fundamentar essa afirmação e sem qualquer tipo de provas; o que interessa é defender a dama, seja ela qual for, enquanto os grupos políticos se vão continuando a rir, nas nossas costas, pois que a calmaria é o que mais lhes interessa, vindo a público afirmar que e assim, é que vivemos num Estado de Direito e Democrático, como se as revoltas e protestos, não fizessem parte desse valor da Democracia e, assim, deixando espaço de manobra para que façam o que melhor entenderem e em seu belo proveito. Os ricos e poderosos, conhecedores das leis que foram manipulando, com compadrios e portas abertas na lei, que eles e outros que tais, bastante bem construíram, através dos tempos, escapam-se, sem que nada seja feito e aos nossos olhos, mas, segundo o pensamento popular, está tudo bem neste país... a saúde, a educação, a protecção social e a tal justiça, o equilíbrio de Impostos e impostos por este, ou aquele Governo e ao longo do tempo, interessando que o povo esteja adormecido e drogado, com as mais diversas conversas e promessas da treta... Quando algo se organiza, até mesmo isso não é devidamente concreto: nunca se sabe quais as verdadeiras causas e objectivos, o que está por detrás das reivindicações, ou quem as organiza, dando portas abertas à dúvida, ao mesmo tempo que se constroem argumentos partidários e patéticos à sua volta. Com tudo isto e meu desabafo, mais uma vez afirmo e bem alto, que esta Pátria nunca há-de passar da ignorância, obscurantismo e fazendo parte de uma civilização atrasada em conceitos e direitos, numa soberba falta de mentalidade. Lamento, mas somos um país de atrofiados mentais, acomodados, numa falta de jeito para as questões essenciais da sociedade, pessoais e colectivos, dando, de mão beijada, todo o caminho a uma classe partidária e que vive à nossa conta, engordando e cada vez mais, enquanto vamos emagrecendo até ao osso que nos restar... VIVA PORTUGAL!!!
ESTE PAÍS
Pouco, quase nada, tenho contra ti, Portugal
De Ribeiro, "este jardim à beira-mar plantado",
Que de todos e muitos, poucos te são igual,
Mas sou contra quem tão mal te tem tratado.
Contra gentes que te aceitam, na imposição
De quantos te governam e sempre tão mal,
Na serenidade, paz, longe de qual rebelião,
Num tão tortuoso e obscuro destino letal.
Mas ai de quem os afronte, ou ouse criticar,
Pois que, na sua arrogância, são os maiores;
Sem governo, alimentam-se no seu governar.
E tu, dos que me cria náuseas, repúdio fatal,
Tu és a engrenagem, a culpa de tais horrores,
De todo esse mal-estar... Pobre de ti, Portugal!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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PARASITAS DA SOCIEDADE
Temos uma política de fachada,
Com uns políticos perversos,
Como, num charco, uma pedrada,
Ou falta de rima nos versos...
Iludimo-nos com promessas,
A quantos charlatões de feiras,
Ponde-nos a cabeça às avessas,
Com falta de pão nas eiras...
Puta que os pariu a todos,
Que estou farto de conversas,
Palavras que enganam tolos,
Por esquinas e travessas...
São todos a mesma merda
E já não havendo esperança,
Desde a Direita, à Esquerda,
São todos pra encher a pança...
Que se ergam forcas nas praças,
Para que seja feita justiça,
Aniquilando tais raças,
Despertando da preguiça...
Ergam-se as armas em punho,
Apontando bem ao alvo
E que sejam o testemunho
De quem quer que seja salvo...
Cante-se, de novo, "A Portuguesa",
Pelas estradas deste mundo,
Vibre-se com "A Marselhesa",
Contra este grupo imundo...
Contra os canhões, marchar,
Que a glória é chegada
E que se morra num lutar,
Mas não faminto na estrada...
Parasitas, sanguessugas, proxenetas,
Que nem a política os merece,
Bastando olhar para as facetas,
Com que cada nos adormece...
Às armas, netos de egrégios avós,
Glorifiquem a descendência,
Cada vez mais, não estão sós,
Revoltados, nesta indecência...
Livrem-se de tais parasitas,
Pisem-nos, com a ponta das botas,
Deixem-se das suas fitas,
Palhaços de cambalhotas...
Avancem, de frente e à luta,
Não deixem que vos adormeçam,
Não deixem, que os filhos da puta,
À vossa conta enriqueçam...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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LUZES DE UMA REVOLTA
Que não haja dúvida e se essa a houver,
A quanto este mundo estará condenado
E que o dito dia chegará, a ferro e fogo,
Como final resolução do encomendado...
Chegará o aberto e mais que final jogo,
De quantas cartas escondidas na manga,
O rematar de qual mais perversa tanga
E a que nos iludiram em tais promessas...
As estradas ruirão em lume de revoltas
E as candeias andarão tanto às avessas,
As armas entoarão por quantas portas,
Que e demais, serão os desejos de luta,
Ávidos de enforcar tantos filhos da puta,
Para um outro novo mundo amanhecer...
Que breve se afastem quaisquer dúvidas,
Por tantos e dolorosos dos desconfortos,
Em que a solução serão as duras batalhas,
Banindo da terra esses e demais abortos...
Quer sejam coletes amarelos, ou outros,
Mesmo que vermelhos, já cor do sangue,
Havendo a reconhecer o quão de duros,
Heróis de uma causa, por mais que justa,
Alertando quantos comem à nossa custa
E, assim, que para os demais nada fique.
O tempo final da vingança será chegado,
Dure, tal, quanto tempo que mais durar
E este escárnio, este jugo, será vingado,
Ande, este calmo vulgo, por onde andar...
Que ferva o rubro plasma e por audácia
E se levantem os punhos da discordância!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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O DIABO À SOLTA
O Diabo anda à solta
E é o inferno na terra,
Anda tudo uma revolta,
No semeio de tanta guerra.
... Neste bulício das chamas,
Por entre gritos de tanta dor,
Das pobres almas que reclamas,
Não sabendo o que é amor.
Fazes da Terra tua casa,
Em movimentos à vontade
E comendo a qualquer mesa.
Sentes-te bem em tal fornalha,
Fazendo do falso verdade
E que a tua voz espalha...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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GAIVOTA
Não chores, minha gaivota branca
E continua esse teu voo, sobre o mar,
Com o olhar prisioneiro da distância,
Nas profundas cores do arco-íris
E na consolável força da esperança.
Rasa as águas, que te viram nascer,
Sobre as quais aprendeste a voar,
Aterrando ao longo de areias, teu porto
E que, no seu calor, te deram conforto...
Gaivota, mostra-me a tua envergadura
E faz-me sonhar...
Deixa-me partir contigo,
Feito caravela, marinheiro, teu amigo
E quem, um dia, há-de voltar,
No embalo de uma lembrança...
Deixa que seja esse teu olhar, a tua íris,
A restante luz e antes do escurecer,
O teu vento, o mar e sua fragrância,
A divina e bem compassada dança,
No imenso palco de espuma salgada,
O mastro e teu par, que contigo balança,
Na suave melodia de uma onda chegada,
O doce descanso, nesta vida e tão dura,
O abrir de uma porta, no cair da tranca...
Confessa-me o segredo da tua liberdade
E conta-me histórias de saudade...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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