O QUE TAL CUME ESPREITA
Desse cume espreitas de lado,
O que demais cume abençoa,
Portanto esse cume é fado,
Na arte que esse cume perdoa...
O melhor nesse cume tens,
Que no cume gostas de ter
E esse cume agradece e vens,
Sempre que o cume dás a ver...
E junto ao cume fico a pensar,
Se tamanho cume é desejo,
Por onde este cume vai parar,
Ou se por diferente cume vejo...
Pois que tal cume é frondoso,
Tanto, mas no cume percebeste,
Só o sopro do cume é manhoso
E em tons que esse cume veste...
Em abençoado cume tens prazer,
Ou no vale do cume dás trabalho
E tanto esse cume encanta lazer,
Qual igual cume espreita orvalho…
Tantos que ao cume tentam ir,
Enquanto a tanto cume vou
E pra outro cume quero seguir,
Porquanto esse cume implorou...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
Vidas... Estas verdades e sensações // Comercialização
Serve o presente para indicar que, após este primeiro período de comercialização, o livro foi já proposto a todos os grandes grupos comerciais com quem trabalhamos, como a Fnac, Bertrand, CTT, Auchan, Sonae, El Corte Inglés, Porto Editora, Jerónimo Martins, etc. De momento, ainda não tivemos a confirmação para colocação física no livro nestes pontos, mas estarão sempre disponíveis para aquisição em qualquer loja do grupo, em todo o país.
Está já disponível nos seguintes pontos:
Chiado Books;
Fnac;
Bertrand;
Wook.
Foi também enviado para os seguintes pontos livreiros:
Livraria de José Alves
Rua da Fábrica, n.º 74
4050-246 Porto
Livraria Esperança
Rua dos Ferreiros, 119
9000-082 Funchal
Livraria Oswaldo Sá
Rua 25 de Abril, 435
4710-913 Braga
Recordamos, ainda, a venda no website da Chiado Books (www.chiadobooks.com).
BREAK MEDIA
Publishing Group
Tel.: (+351) 213 460 100
Rua de Cascais, 57, Alcântara
1300-260 Lisboa, Portugal
Tel.: (+55) (11) 3179-0085
Conjunto Nacional, cj. 2113, 2114 e 2115, Avenida Paulista 2073,
Edifício Horsa 1, CEP 01311-300 São Paulo, Brasil
ESTAÇÕES DE UM OUTONO
Regam-se as areias do deserto,
Procurando-se apagar poeiras,
Olhando os grãos, por tão perto
E cintilando de outras maneiras...
Esquecem-se os calores de Verão,
Ressequidas planícies de incerteza,
Levantam-se os ângulos da visão,
Seguindo em frente, com destreza.
Mudam-se os tons de quantas vidas,
Por ocres cores e perfeita nostalgia,
Misturando-se com outras perdidas...
Tudo é combinação, quanta beleza,
Correndo águas, ventos de apologia
E aproximado nevoeiro de subtileza...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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QUANDO EU FOR GRANDE
Quando eu for grande, serei tudo,
Serei herói, aviador,
Serei eu, feito surdo, mas nunca mudo,
Saberei jardinar o amor, respeitar a dor...
Quando eu for grande, já adolescente,
Terei donzelas ao meu lado,
Pouco tendo de inconsciente
E confiante bem-amado...
Quando eu for grande, farei viagens,
Serei doutor, um possível milionário,
Fumarei charros, terei miragens,
Serei invencível, nalgum imaginário...
Quando eu for grande, mandarei em todos
E ninguém dará ordens que me dobrem,
Dominarei, quantos tolos, a meus modos
E visionarei anos que me sobrem...
Quando eu for grande, olharei para o passado,
Olhando quanto me é lembrança
E perceber que nem tudo foi alcançado...
Hoje, que sou grande, quero voltar a ser criança!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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ANIMAL QUE SOU...
Portanto animal que sou,
Não nasci pra estar parado,
Ao invés de todas as árvores,
Cujas andam se o vento as arrancou
E para outro lado as arrastou...
A Mãe Natureza assim nos abençoou,
Antes de nos transformar cadáveres!...
Não consigo ficar sossegado,
Colado a qualquer assento,
Talvez que à excepção numa rocha,
Qualquer que seja, de estrada,
Olhando pra todo o lado,
Estudando um desgraçado,
Em quanto seu lamento,
Roto, descalço e sem nada,
Sonhando ter uma tocha...
Que o buraco onde mora é pobre
E nem a hora conhece,
Quando o corpo lhe estremece,
À espera que o sino dobre!...
Por animal que sou, avanço,
Por entre as árvores paradas,
Altos e baixos, caminhos afora,
Agradecendo o que alcanço,
Deixando para trás as estradas
E o horizonte por minha hora!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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A SOCIEDADE PRECISA DE MEDÍOCRES
Acredito que muitos de nós já pensaram nisto mas assim escrito pelo Lobo Antunes ganha uma clareza genial:
“A sociedade necessita de medíocres que não ponham em questão os princípios fundamentais e eles aí estão: dirigem os países, as grandes empresas, os ministérios, etc. Eu oiço-os falar e pasmo não haver praticamente um único líder que não seja pateta, um único discurso que não seja um rol de lugares comuns. Mas os que giram em torno deles não são melhores. Desconhecemos até os nossos grandes homens: quem leu Camões por exemplo? Quase ninguém. Quem sabe alguma coisa sobre Afonso de Albuquerque? Mas todos os dias há paleios cretinos acerca de futebol em quase todos os canais. Porque não é perigoso. Porque tranquiliza.
Os programas de televisão são quase sempre miseráveis mas é vital que sejam miseráveis. E queremos que as nossas crianças se tornem adultos miseráveis também, o que para as pessoas em geral significa responsáveis. Reparem, por exemplo, em Churchill. Quando tudo estava normal, pacífico, calmo, não o queriam como governante. Nas situações extremas, quando era necessário um homem corajoso, lúcido, clarividente, imaginativo, iam a correr buscá-lo. Os homens excepcionais servem apenas para situações excepcionais, pois são os únicos capazes de as resolverem. Desaparece a situação excepcional e prescindimos deles.
Gostamos dos idiotas porque não nos colocam em causa. Quanto às pessoas de alto nível a sociedade descobriu uma forma espantosa de as neutralizar: adoptou-as. Fez de Garrett e Camilo viscondes, como a Inglaterra adoptou Dickens. E pronto, ei-los na ordem, com alguns desvios que a gente perdoa porque são assim meio esquisitos, sabes como ele é, coitado, mas, apesar disso, tem qualidades. Temos medo do novo, do diferente, do que incomoda o sossego.
A criatividade foi sempre uma ameaça tremenda: e então entronizamos meios-artistas, meios-cientistas, meios-escritores. Claro que há aqueles malucos como Picasso ou Miró e necessitamos de os ter no Zoológico do nosso espírito embora entreguemos o nosso dinheiro a imbecis oportunistas a que chamamos gestores. E, claro, os gestores gastam mais do que gerem, com o seu português horrível e a sua habilidade de vendedores ambulantes: Porquê? Porque nos sossegam. Salazar sossegava. De Gaulle, goste-se dele ou não, inquietava. Eu faria um único teste aos políticos, aos administradores, a essa gentinha. Um teste ao seu sentido de humor. Apontem-me um que o tenha. Um só. Uma criatura sem humor é um ser horrível. Os judeus dizem: os homens falam, Deus ri. E, lendo o que as pessoas dizem, ri-se de certeza às gargalhadas. E daí não sei. Voltando à pergunta de Dumas
– Porque é que há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?
não tenho a certeza de ser um problema de educação que mais não seja porque os educadores, coitados, não sabem distinguir entre ensino, aprendizagem e educação. A minha resposta a esta questão é outra. Há muitas crianças inteligentes e muitos adultos estúpidos, porque perdemos muitas crianças quando elas começaram a crescer. Por inveja, claro. Mas, sobretudo, por medo."
ANTÓNIO LOBO ANTUNES
» "Só me resta CONCORDAR e fazer a MAIOR das vénias... Mentes ACORDADAS!!" » ( Manuel Nunes Francisco ©® )
VIDAS BARATAS
São os comerciantes de carne
E até aos ossos, senão o cerne,
Idealizam montar um negócio,
Por soberbo palco de conflito,
Com quem a vida é tão barata
E fazendo disso o melhor ócio...
Tudo isso ultrapassou um mito,
Em quão alimento de fortunas,
Pouco importa quem se abata
E se no sangue lavam as unhas!...
Escondidos, por trás das dunas,
Fazem contas e metem cunhas,
Sempre vendendo argumentos
E jogando, às cartas, as cabeças...
Nas mangas omitem os tentos,
Deitados no mundo às avessas,
Explicando que tudo esqueças
E que não são o que tal pensas!...
Lançam-se homens ao combate,
Vendem-se vidas de tão barato,
Porquanto são carne para abate
E monta-se a banca em aparato...
Mandam seus filhos às compras
E avisando que não se enganem,
Seja no trilho e norte às guerras,
Que não deles, tanto nas armas,
Em tais quantidades, por sobras
E sendo do melhor que matem!...
E se o negócio está já avançado,
Barata é a vida dum desgraçado!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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SABEDORIA DE BURRO
Todo quem não seja burro,
Não precisa de muitos sons,
Bastando apenas o sussurro,
Para explorar os seus dons...
Inteligência, atrás do nome,
Não seguindo o que se conte,
Nem deixando que o dome
E muito menos que o monte...
Sacudindo qualquer albarda,
Ou cabresto que lhe ponham,
Sempre defendendo a farda...
Estudando os demais burros,
Tão asnos, que nem sonham
O som de tantos seus zurros!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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MEU POBRE ENTENDIMENTO...
Por muito que tente, não consigo!...
Não alcanço esses quantos conflitos,
Todos os desentendimentos sociais
E não é pra parecer bem que o digo!...
Tantas guerras, miséria, ódios soltos,
Para demais engordarem nos currais...
Por tempo que me dedique a pensar,
Mais vazio me sinto, em qual reflexão,
Tentando esmiuçar o lado da questão,
Mesmo ao lado, com tudo isto a passar
E que nada posso fazer, tal a desilusão,
Tão-pouco falar, numa mera sugestão!...
Mal abro conversa, eis-me apedrejado,
De pés e mãos atado, – queriam eles! –,
Mas a conversa torna-se deveras acesa,
Pois que nem de boca eu nasci aleijado,
Tendo argumentos e para todos aqueles
Que jamais se sentaram comigo à mesa!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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MINHA PEDRA FILOSOFAL
Vocês não sabem, nem sonham,
O quanto eu sonho na vida,
Seja ela ganha, ou perdida,
Por sonhos que me arrulham...
Neste Universo, colorido,
Salto, pulo e avanço,
Mesmo naquilo que não alcanço,
Mas nunca de arrependido;
Desenho sempre esperança,
Nas cores do melhor pincel,
Pintando tudo cor de mel,
Por meus olhos de criança,
Nestes meus sonhos, lembranças,
Esculturas de um futuro,
Não vendo, pela frente, o muro,
Na inocência de crianças...
Derrubo pedras em que tropeço,
Semeando esses meus sonhos
E querendo colher, aos molhos,
Quantos dos delírios que peço.
Vocês não sonham, mas sabem,
Dessas viagens universais,
Em naus, por rotas celestiais
E sem ventos que as levem...
Procuro sonhadores, argonautas
E cujos me sejam fiéis,
Que se façam ao mar, de batéis,
Em oníricos sons de flautas,
Odes, cânticos de ninfas e trovadores,
Oriundos dos mais belos areais,
Olhando horizontes ancestrais
E escravos a ilhas dos amores...
Ah, se vocês soubessem sonhar
E por entre meus sonhos viver,
Muito me iriam agradecer,
O quanto vos estou a falar!...
Sonho, como gaivota aguerrida,
Tipo asa-delta e que sobrevoa
Telhados em que a voz entoa,
Por fados de garganta dorida
E seguindo passos da dulcineia,
Nos segredos de vielas escuras,
Procurando meus sonhos e curas,
Numa pedra filosofal e panaceia;
Sonho acordado, olhando o Sol,
Adormeço a sonhar, noite fora,
Sonho andando, a toda a hora,
Seguindo sonhos, qual girassol...
Se nada houver num dia de rol,
Troco de sonhos e sigo caminho,
Serei a eterna criança e sozinho,
Seguindo sonhos de algum farol...
Ou subirei ao alto de um capitel,
Abraçando a luz que tanto vejo,
Fazendo do meu sonho o desejo
E cujo será a obra do meu cinzel!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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