COSTA LUSITANA...
As ondas chegam e partem,
Sem que de tanto bater se fartem,
Em nuvens de tempestade
E contra as rochas se partem,
Pelas areias ficando a espuma...
As gaivotas pipilam de emoção,
Sobrevoando a falésia em aflição!...
Aguarda-se o timoneiro ao leme,
Enquanto as águas baloiçam,
Sentindo-se lágrimas salgadas,
Gente pobre e de mãos dadas...
Vê-se a tristeza de quem geme,
De um mar que não se arruma,
Neste reboliço e tal ansiedade,
Vozes calmas, pra que não oiçam,
Mais que nunca de mãos atadas...
Pobres gentes, de malfadadas!...
Paira um nevoeiro sobre a costa,
Linda imagem, para quem gosta,
Nessa turbulência de qual destino
E o vulgo adora, feito de anjinho,
Chorando, desde tenro menino,
A igual passarada no seu ninho,
Numa chilreada em que sofrem...
Amargurado areal e povo lusitano,
Olhando, ao longe, o belo oceano!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
REFLEXÃO
A reflexão é a minha alma,
No tempo que me foi destinado,
Enquanto a disponibilidade se baseia na força de um argumento...
A conclusão, é a minha chama e calma,
Por lume deveras refinado
E ateado no melhor momento!...
Deixo água sempre ao lado,
Que a floresta está por perto,
Nem querendo incendiar o prado,
Muito menos o deserto!...
Faço a minha reflexão,
Ao que oiço com atenção,
Não me querendo armar em esperto,
Tampouco vender razão
E procurando uma solução,
Para aqueles a que ando farto!...
Visto-me com fato de monge,
Atravessando as minhas areias,
Seguindo o mosteiro ao longe
E sem precisar de quais candeias!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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SENTAM-SE À MESA...
Sentam-se à mesa, os pecadores,
Num canto, no outro os oradores,
Negoceiam com os prevaricadores
E nenhum faz parte de malfeitores...
São todos deveras mais que santos,
Ostentando os mais belos mantos,
Uns já saíram, entram outros tantos,
Só saindo quando estiverem fartos...
Fazem rezas e promessas, tão rindo
E abraçam-se, enquanto vão saindo,
No prato que raparam vão cuspindo
E enquanto do trabalho vão fugindo...
Enquanto as damas se vão imiscuindo,
Tagarelam os senhores, bem ouvindo,
Pelo que nada se perde e consentindo,
Piscando o olhar a quem vai surgindo...
Porém, a madrugada está chegando,
Por lindo dia, solarengo, espreitando,
Enquanto os escravos se levantando,
Pois que o trabalho está esperando...
Partem, sem pão que haja na mesa,
Bebendo lágrimas de sal pra defesa,
Implorando que o dia seja luz acesa,
Ao que a idade não perdoa e já pesa...
Deitam-se os pecadores e cansados,
Da longa noite e tamanhos pecados,
À criadagem deixam os seus recados,
Havendo que ter sonhos abençoados...
Fazer guerras e explorar desgraçados,
Semear escravos, os tais esfomeados,
Acorrentá-los, por de tão malfadados
E nesse prazer se sentem embalados!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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