TÁBUAS E PREGOS, COMO BAGAGEM
No momento, levarei seis tábuas comigo,
Uns quantos pregos, espetados depois da hora,
Sem tampouco saber se consigo
O tamanho certo, pra não ficar com os pés de fora!...
Depois, será chegada a hora do churrasco,
Com gente à espera, ou simplesmente sozinho,
Enquanto o resto encherá o pote, ou reles frasco,
Esperando que a chama se apague de mansinho!...
Haverá cantos e danças, sorrisos de despedida
E eu, nalgum canto, tudo olharei de soslaio,
Esperando o derradeiro comboio de partida...
Até que tal chegue, em trilhos para o Inferno,
Pois que para o Céu em tal estação não caio,
Sendo de minha conjectura e passeio eterno!...
Manuel Nunes Francisco ©®
- Imagem da net -
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
"Ficamos gratos pelo envio do seu poema.
Após a análise, temos todo o gosto em informar que o mesmo foi selecionado para constar na obra "Entre o Sono e o Sonho - Vol XIV".
Assim que definirmos uma data para o lançamento da obra, iremos enviar essa informação.
Com consideração,
CHIADO BOOKS"
NUNCA DAREI A OUTRA FACE...
Caso me perguntem se darei a outra face,
Direi que não quero ser esse crucificado!...
Quem com ferros mata, por ferros morre
E não embarcando noutro ridículo enlace,
Tampouco querendo ser qual idolatrado,
Pela filosofia doentia e cuja por aí corre!...
Ai, de quem me molestar o rosto que seja,
Portanto, nem deste corpo pretendo falar!...
Seguindo o lema, cá se fazem, cá se pagam
E o juro terá que ser dum valor que se veja
E ai de um qualquer, cujo tente não alinhar,
Pois a vida não pertence aos que se negam!...
Nunca embarcarei em tamanhas hipocrisias,
Aquelas, cujas falsidades nos tentam vender,
Feitos santos e talhados de madeiras podres...
Putrefacta filosofia, levando-nos a fantasias,
Na cegueira de uns vícios, pra nos convencer
Que no mundo só moram santos e não odres!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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SER POETA, É VARIAR AS PALAVRAS...
Ser poeta, por vezes, é variar palavras agrestes, noutras suaves e meigas...
É, nalgumas outras tantas, saber ser severo na agressão,
Escolher as frases certas, para que seja áspero na expressão,
Sem o menor medo a consequente crítica e a quantas opiniões de intrigas!...
Ser poeta, é falar pelos demais e que não ousam exprimir a razão...
Por todos aqueles que preferem esconder a cabeça na areia,
Sem qualquer possível cura e por mais que robusta a panaceia,
É servir-se da acidez, ou da ternura, elevando juízos de ilusão!...
Ser poeta, é executar passeios por transcendente dimensão...
É preciso esperar, observar em quantos ângulos existentes,
Descodificar à sua volta, desmascarar rostos intermitentes!...
Ser poeta, é fazer de pisca em rotas da mais variada confusão...
Ser guia, mesmo que não mestre, talvez que somente aprendiz,
Porém, sabendo utilizar os sentidos, ouvir o que o mundo lhe diz!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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CRISTO, EM QUE ACREDITO...
Se acredito em Cristo?...
Sim, claro, como homem, não como divindade, sequer santo,
Imponente revolucionário, pensador,
Um verdadeiro misto,
Seguidor do seu incontrolável pensamento,
Sentindo o sofrimento dos demais na sua dor!...
Acredito nesse Cristo, na sua filosofia,
Nos mais diversos caminhos da liberdade,
Naquele que limpava as chagas de quem sofria,
Pela luta à mordomia, lavando o rosto à ansiedade...
Sim, acredito nesse homem, não em quem o explora,
Seitas religiosas, carregadas de pecados,
Relógios da sua hora,
Explorando os crentes e desgraçados!...
Ressuscita, Cristo, faz da justiça a tua vontade,
Condena quantos se curvam à tua imagem,
Porém, só ostentando a plumagem,
De quantos falsos e crucificando a verdade!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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ESTAS MINHA TÁBUAS...
Carrego as tábuas do meu caixão,
Nesta viagem de alto-mar...
Pregando os pregos de qual razão,
Nas marteladas que ando a dar!...
Agarro-me às cordas, pelas ondas,
Rasgando as mãos, em tantos nós...
Oiço-te mar, naquilo que sondas
E tendo na espuma algo de nós...
O sal, no tempero da distância,
Nas braçadas deste meu nadar
E sete mares, que hão-de findar!...
Bracejo, por entre observância,
Numa tentativa de chegar ao fim,
Chamando a terra pro pé de mim!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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POBRE PAÍS DE JUMENTOS!...
Ah, pobre e demarcado país de jumentos,
De acorrentados a promessas e lamentos,
Abomináveis políticos de "selfies" e corruptos,
Sustentados por uns quantos de menos astutos!...
Ah, tal gente, se nem tanto enxergam demais,
Olhando o alto firmamento e rastos celestiais,
Estrelas, cujas tantos idolatram e perseguem,
Nalguma pútrida rota a que nada conseguem!...
Ah, asnos chapados, adormecidos na ignorância,
Deixando-se embalar, às mais poéticas conversas,
Nas tantas cantigas e sem de menor importância!...
Ah, rectângulo fedorento, mergulhado pela lama,
Nos devassos séculos e ondulações controversas
E sem que ouse acordar aos sentidos que o chama!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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SONHAR ENTRE SONHOS
Recostado numa confidente cadeira,
Neste alpendre, por qual deserto
E no socalco deste outeiro,
Com minhas botas de cavaleiro,
Descansadas sobre um tropeço
E observando o universo infinito,
Eis que quase adormeço,
Sentindo alguma brisa de fronte,
Vinda por detrás do monte
E moderadamente quente...
No chegar de uns três familiares,
Que mais não são que fieis amigos
E ditosos por estes ares,
Acordo, numa ventania do tempo
E sol que já teima no poente,
Lá longe e tanto me embala...
Levanto-me e abraço quem merece,
Saudades de quem nunca esquece,
Trocando breves parábolas de oração,
Frescos oráculos da fala
E por vasto sentido de confusão...
Nalgum após e cheiro a fumo de churrasco,
Por entre umas lascas de enchidos
E dúzia e meia de figos,
Troca-se o paladar de um bom tinto,
Seleccionado por entre um rasco,
Num quanto prazer de festejar
E tantas coisas a relembrar,
Mas sempre longe da bebedeira...
Depois, ouve-se o coaxar de um sapo,
Momentos há muito esquecidos;
É a planície, o vento suave e a quietude,
O êxtase, em quanta plenitude,
Este relaxar, sonhar e ouvir o mais certo,
Neste silêncio de tanto dito...
Olhar em redor e deleitar, abraçar
O mais suave aroma, pairando no ar
E inspirado no mais profundo prazer,
Viver cada minuto, tais quadros sonhados,
Esboços no decorrer do tempo desenhados
E traços desta aguarela que vos pinto,
Por entre trovas e de perfeito lazer...
Da selva urbana, nesta distante chã me escapo,
Por entre cerros, liberto a mente que limpo;
Amanhã voltarei a sentar-me ali de frente,
No alpendre, esperando que o Sol me encante!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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