ALGUMA MÁSCARA
Nesta máscara de silêncio,
Desfigurada obra de cera,
Sinto a renúncia das letras,
Numa fuga das palavras,
Neste teatro das coisas
E no palco, que é meu peito...
É o encenar na escuridão
Em perpétua luz do dia,
Em luzes de solidão,
Aperto no coração
E no estômago uma agonia,
Neste bastidor de melancolias,
Argumento em minha mão
E escrito, de qualquer jeito,
Nalgumas palavras soltas,
No silêncio do que me dizias,
Muitas vezes sem perceber,
Ou sem nada para dizer…
Era esta a minha oração,
Desta entrega e devoção,
Tal meu olhar aos céus
Que, de ti, não eram meus,
Por estes caminhos, sinuosos,
Deveras um tanto manhosos…
Mas e estranho, tão nossos!
Agora, peço algum descansar,
Pois que me doem os ossos,
As carnes e tudo mais…
Cansado demais para andar,
Mas podes continuar a falar!
... E tu, para onde vais?
Eu ficarei, por este pesar,
Para tudo o que der e vier,
Às portas do Lúcifer
E à espera que mande entrar…
Do Céu, desse nem vou ousar,
Tanto é o tempo de espera
Na extensa lista da clemência
E reclamando inocência...
Eu, como sou culpado,
Sinto-me um burro chapado
Neste grito a que me prenuncio!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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