ATEU E PECADOR...
Ah, eu, ateu e pecador,
Gostaria de ser Deus,
Reconstruir todo este planeta,
Dar novo semblante à vida,
Retirar créditos a quem tal não merece,
Castigar os filhos ditos meus,
Pelas desobediências que consomem
E naquilo que não lhes derramei,
Pois que me são filhos, mas ateus,
Mesmo que não se reconheça,
Longe daquilo que está escrito,
Em tal Livro Sagrado, –pelo homem!–,
O mais vil animal ao de cima da Terra
E, ao que se consta, a mim devida!...
Ah, porém, gostaria de ser o Diabo,
Levar as bestas, almas negativas, pro Inferno,
Temperá-las, a meu e maior bel-prazer,
Naquele caldeirão e labaredas a tais destinadas...
Torrá-las, dando-lhes a têmpera que merecem,
Pelo arrefecimento que me causam,
Nesta perdida imensidão do cosmos!...
Sou um deus que nunca esquece,
Tudo e quanto me causa dor,
Contrário a Deus, seja o Diabo e direitos Seus,
Em tanto aquilo e tamanho dito,
Por linhas tão obstinadas!...
Não sou eu que faço qual guerra,
Mas Seus filhos, no seu lazer,
Algo que tanto se esquecem,
Ao tom da banda que dançam e não se cansam...
Assim, de tal Pai não me chamem,
Por mais Deus que gostasse de ser
E por quantos a mim chamei!...
Ah, como gostaria de ser Deus, na sua força,
Ou o Diabo, ao fim e ao cabo,
Fazer os ajustes necessários,
A este mundo, já sem trambelho,
Cujo já não aceita qualquer conselho,
Todos cantando, que nem canários,
Notas sonoras desafinadas,
De mentes tão desvairadas!...
Deste meu pensamento não reclamem,
Recusando voos pelos vossos céus,
Mesmo que ambos sejam uma treta,
Seguindo, eu, de mente erguida,
Seja que pela afronta do Inverno,
Em que outra estação me esqueça,
Pelo quanto daquilo que somos,
Por ruelas de pecados e breus, entre réus
E sem caminhos de se ver,
Por mais que Deus e o Diabo os torça,
Tentando, deles, uma avenida!...
Ah, quem me dera, ser Deus, na despedida,
Na volta, o Diabo, curando tal ferida!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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