ESTE LOBO SOLITÁRIO
Ah, como adoro ser tal animal,
Ser este genuíno lobo solitário,
Saber que poucos me são igual
E tanto, ou quanto, celibatário!
Como gosto desses tais trilhos
E que incessantemente farejo,
Cruzando olhares, de sozinhos
E fixando prazeres ao que vejo...
Perco-me a tamanhos cheiros,
Em quantos caminhos que sigo,
Por serranias, vales e atoleiros,
A que me chamam de mendigo...
Que seja e que a tal me pareça,
Pois que a severa dor de corno,
Que para os tais é uma doença,
Seja, para mim, o doce adorno!
Ah, como gosto deste meu ver,
Solitário, mas dono do mundo,
Fazer que de mais puder e vier,
Sempre audaz e feito de surdo!...
E que me deixem em liberdade,
Por minhas sombras e escolhas,
Por recantos de minha vontade,
Escapando-me por entre folhas.
Uivo e estremecendo o silêncio,
Pela noite, ou decorrer dos dias
E num pior de qualquer anúncio,
Escondendo-me de mais arrelias.
Ai, que esta minha pele de lobo,
Por demais feras serve de veste
E que me querem fazer de bobo,
Comendo-me o quanto me reste!
Ouvem-me, ao longe e tremendo,
Sempre que acordo a madrugada,
Ficando em tais verdades roendo
E no porquê de minha caminhada...
Mas sigo, nada havendo a perder,
Para a frente e fazendo caminho,
Tanto que sou fera, dura de roer
E quero tanto continuar sozinho!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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