INEXPLICÁVEL PRAZER...
Haja quem não tenha momentos negativos,
Aqueles dias, cujos nos são imperativos!...
Porém, sempre que me sinto em baixo,
Monto um dos meus cavalos de ferro
E saio para a estrada, não como louco,
Mas nas calmas que o mundo promete,
Apanhando, de frente, o afável vento,
Passando-me pelo corpo, como ópio,
Criando à volta um outro cenário,
Num estonteante caleidoscópio,
Rasgando, ou não, o escuro do alcatrão,
Não o cinzento da poeira, mais ao lado,
De ambos os lados da estrada,
Sentindo o bater, algo frustrante, de um pobre insecto,
Ficando numa lástima mortal, da sua já parca vida,
Esborrachando-se de encontro ao meu corcel,
Deste meu carrossel e em que me distraio,
Como nos meus velhos tempos de catraio,
Numa tal tela, pintura de fresco pincel,
Nesta minha tão desafiante corrida,
Com as árvores a afastarem-se em contrário,
Desafiando qualquer hora malfadada,
Esquecendo qual pensamento do meu fado,
De meu corpo, o mais possível de erecto,
Sentado num tanto negro selim,
Mas tão colorido, pelo menos parece assim
E avanço, em sonhos, nunca por frete,
Mas naquele sabor, cujo me sabe a pouco,
Na busca do mais profético serro,
Na mais perfeita paisagem em que me encaixo,
Separando-me do prematuro pensamento,
Criando sorrisos neste meu pedinte coração,
Num aconchego de deslumbre e felicidade,
Por esta minha já um tanto avançada idade...
Observo os vales, pelo alto das serranias,
Absorvo a calma das sombras das planuras,
No relaxante das suas soberbas melancolias,
Deixando-me levar no olhar a aves nas alturas,
Paro junto às barragens e na visão de um rio,
Dos lagos, charcas paradas em meses de Estio,
Recosto-me num banco de um qualquer jardim
E penso, enquanto vejo quem não me vê a mim...
Depois, fecho o círculo, pelo ponto de partida
E, aí, calmo, reflicto neste inexplicável prazer,
Recordando as fragrâncias por onde passei,
Curvas, rectas e lombas, assim como o horizonte,
Desta forma de vida, com a natureza repartida,
Pura e tamanha liberdade, qual frescura de fonte
E corrente, saciando a sede, por tempos de lazer,
Sem haver explicação, tal não posso, tampouco sei!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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