MUNDO ANIMAL
Derrapando pelo mais imprevisto,
Abrindo alas por opacos caminhos,
Escolhem rotas ao que nunca visto
E cada qual persegue pergaminhos...
No cimo das escarpas, o leão ruge,
Ao longe, chacais e coiotes, uivam,
Enquanto os morcegos se achegam
E as corujas mostram de sabedoria,
Mas que muito pouco isso lhes vale,
Tantos os asnos que calcam o vale...
As águas correm e levam caminho,
Por escuridão de tanta harmonia,
E coitado do bicho que fale fininho
E de fraco e sem força, nem muge...
Sopram os ventos e vindos de suão,
Enganando cata-ventos por Norte
E rodando ao que lhe vem à mão,
Pois qual direcção não lhe é sorte.
Eis as hienas e que se aproximam,
Esfomeadas, vorazes pela comida
E desgraçado quem se lhes cruze,
Tal a avidez em tanto desmedida...
Batuca a ressonância do primata,
Num agitar o peito e que gritam,
Dando o sinal duma seita já farta
E que, adiposos, demais nos luze.
Até o insecto lhes serve de pasto,
Saciando gulas a quem mais forte
E bastando um dia mais nefasto
E quem a sua sina nada importe...
Eis a triste lei pela sobrevivência,
Tal a selva urbana desmesurada
E em que pouco resta da ciência,
Num universo de tanta dentada
E salve-se o quem demais burro,
Sem o direito ao menor sussurro,
Pois que tal lugar é dos espertos
E outros quantos tão encobertos...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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