NÃO ESQUEÇO...
Não esqueço!... Não esqueço as guerras,
Tanto quem as faz, tão-pouco as vítimas
E estas muito menos, no quanto sofrem,
Sequer uns demais e cujos delas cobrem
E, em suaves lençóis, no sereno dormem,
Sem remorsos, tampouco pestanejarem
E cuja vida lhes corre como santas almas,
Na riqueza, ridículo entre tantas palmas,
Pois as culpas são pronunciadas ínfimas!...
Assim, vou remoendo pelas lembranças,
Numas cada vez mais ténues esperanças,
Trilhando os meus diários desfiladeiros...
E, percorrendo tal passado, não esqueço,
Vivendo uma certeza do quanto mereço,
Pelos que tanto me tentaram fazer mal,
Fosse por montes, cidades, ou atoleiros!...
Não esqueço, o que mais queria esquecer,
As pedras do caminho que sempre andei,
Os altos e baixos, todas as lamas que pisei,
As serras agrestes, às quais tanto me dei,
Tantas outras coisas, tantas que já não sei!!...
Não esqueço quantos me foram tais feras,
Aqueles que, nas feridas, me lançaram sal
E, pelo infortúnio, me tentaram escarnecer!...
Não esqueço e saibam que não esquecerei,
Pela lembrança das sendas em que chorei!...
Por agora, o tempo não pára e tal hora terei,
Cuja, por limpas rotas, mais tarde lembrarei!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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