PLANÍCIES
Sob azul-celeste, na tranquilidade,
Espaços melancólicos e serenidade,
Se estendem teus campos doirados,
De um amarelo intenso de riqueza
E cintilante orgulho da tua nobreza;
Em manchas de um profético verde,
Na mais constante luta à liberdade,
Tanta que é a esperança, vitalidade
Desta gente, que a pouco mais cede
E para nosso imperceptível espanto,
Que a um pôr-do-sol além do cerro,
Que, de tão belo, é lindo de morrer,
... Bastando comungar de tal prazer!
Dobrado ao cajado, a teu apascentar,
Seguindo essa orquestra de chocalhos,
Mimando o rebanho, entre o assobiar
E procura do passar alguns barrancos,
Ou teu árduo trabalho nos montados,
Buscas a energia no interior do tarro
Que contigo transportaste no tempo,
Sentado no banco de qualquer cepo...
E nas escassas sombras de um monte,
Nalguns pensamentos de pouca sorte,
Há sempre quem mais a voz levante,
Ao balançar duma dança de encanto,
Entoando, em uníssono, algum canto
Que mais se parece a certo lamento
E, de teu, lhe chamas de teu cante...
Nessa tua e de artífice, loiça de barro,
No acolher da sombra de um chaparro,
Há o paladar de um manjar de migas,
Prato mais suave de apetitosa açorda,
Em maravilha, embalado por cantigas
E algum acompanhar de carne gorda.
Rogo o trago desse teu néctar de uva,
Que, por uma, ou outra vez, me turva
Por entre o beber da tua água fresca,
Que te lava o rosto e melhor refresca.
No vermelho sarapintar de papoilas,
Em percorridas distâncias por safões
E olhar discreto de algumas moçoilas,
Se mostra a cor de ternura e paixões.
Neste hino, ao teu branco de pureza,
Em bebedeira de tantas outras cores,
Sublime obra, entre campos de flores,
A essa tua genuína extensão marrom,
Irresistível odor, tal inconfundível som,
Alentejo, é que mais me fica a certeza
Que, nalguma distância, irei cá voltar...
Não pra de novo partir, mas para ficar.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
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