POEIRAS DO TEMPO
Levanta-se a poeira do tempo,
Palhas, restos levados pelo vento,
Tentando arrastar-me deste assento
E bem polido, por passatempo...
Ficam as pedras e areias da vida,
Tudo o que o tempo não arrasta,
Destinos sem despedida,
Numa vontade de dizer: basta!
... Levantam-se as tempestades,
Nuas e cruas, demais cinzentas,
Nuvens de quantas e brancas verdades,
Claro vaticínio de novas tormentas...
E a poeira ainda dança no adro,
Varrendo tudo, para nova dança,
Prenúncio de um pior quadro
E que irá ficar na lembrança!...
Por entre trovões e relâmpagos,
Anunciam-se forças de granizo,
Pelo que muitos ficarão gagos,
Naquilo que de pior profetizo...
Mas dancem, ao sabor da poeira,
Pois que a vida são dois dias,
Enganem-se, nessa bebedeira
E bem distantes de melancolias...
Mas que tal ressaca seja breve,
Que a tempestade não espera,
Havendo quem do ócio se serve
E não são poucos... quem nos dera!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.