QUANTAS VIAS E DESTINOS
Fui auto-estrada e esperança,
Estrada de decididas vontades,
Parque de quanta lembrança,
Caminho de muitas saudades,
Trilho de muitos trambolhões,
Qual via de maiores confusões,
Ponte para diversas margens,
Carro de desastres medonhos,
Cacilheiro de perdidas viagens
Avião de alguns belos sonhos,
Escada de algumas escaladas,
Pedestre de vidas animadas...
Sonhei, um dia, ser a avenida,
O desembocar de célebre rua,
Mas fiquei-me pelas travessas
E penumbra da luz, nua e crua,
Com a vida sempre às avessas
E imperfeita missão cumprida...
Então, pensei ser uma rotunda,
Mas perdi-me em tantas voltas,
Pela confusão de andar à roda
E sem rumo certo a que deva ir,
Demasiadas voltas e sem partir,
Como se preso a alguma corda
E dessa qual não mais te soltas...
Andas em redor e nunca largas,
Nesse círculo, de vidas amargas,
Numa análise e tanto profunda,
Sem se tomar qualquer decisão,
Prisioneiro de sinistra confusão.
Farto de ser o beco e sem saída,
Solto tal já pouca alma erguida,
Num passeio de meus passeios...
Esses sim, são os meus anseios!
Todos me calcam pela calçada,
... Vidas e qual a mais cansada!
Sou burro, com carroça, a fugir,
Cavalo manco e numa corrida,
Gaivota sobre o mar e ferida,
Campo de trigo bem doirado,
Vermelho de papoilas a florir,
Linho, pisado, pra ser dobado,
Mero pássaro em debandada,
Nascente correndo para o rio,
Turva água alcançando o mar,
Palhaço de circo e que não rio,
Chuva caída num qual deserto,
Amigo longínquo e aqui perto,
Arma, que se recusa a disparar,
Em dia que se nega a acordar...
Sou tudo isto e não mais nada
E já sem tempo para alcançar...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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