RELUTÂNCIAS...
Tenho dificuldade em acreditar,
Nos homens e nesta sociedade;
Faço uma relutância em aceitar,
A que sequer impere a verdade...
Premedito o anunciado abismo,
O caminho erróneo do homem,
Talvez alimentando certo cismo
E vãs ideias que me consomem...
Porém, vejo-o, nesse naufragar,
Perdido e amarrado a si próprio,
Sem margens, por onde ancorar,
Agarrando-se a quanto inglório...
Afogando-se e ténue de forças,
Em gritos, soluços e sofrimento,
Debatendo-se contra as rochas,
Sem que alguém lhe dê alento...
A tal naufrágio da humanidade,
Supera uma esperança à glória,
O acordar a tanta imbecilidade
E reconhecer trilhos de vitória...
Portanto, restem as maravilhas
E sejamos actores de fantasias,
Encenadores das mais partilhas
E regando jardins de novos dias...
Ao que o mundo é maravilhoso,
Cheiro de acácias e verde pinho,
Rosas crescendo por chã odioso
E numa paz florida de mansinho...
Muito para além dos horizontes,
Encontrarão algo que procuram,
Outro mundo, ternura a montes
E toda a alegria que perderam!...
Em semelhante tentarei florear,
Tais campos percorrer no delírio,
Longe do que se anda a semear,
A que nada colha de tal martírio!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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