SONO PROFUNDO
Este povo, monta cavalos que não conhece,
Mas tampouco merecendo um burro,
Por caminhos que tanto merece
E pelas mais horas de escuro,
Comentando num sussurro
E à espera de bater num muro...
Cai, levanta-se e, nas piores palavras, pragueja,
Vive num lamento de conformismo,
À espera que o sirvam de bandeja
E por esperanças de ilusionismo.
Não acorda e, quando tal, deita-se aos berros,
Em tremendas convulsões profundas,
Galgando vales e cerros,
Feitos de bestas, por terras moribundas,
Deitando culpas aos demais
E implorando soluções divinais...
Povo, que já lavaste no rio,
Pregando os pregos do teu caixão,
Mas que não largas o doentio,
Nem acordas para a razão...
Deixa-te desses teus lamentos,
De sustentar quem te não dá pão,
Cospe quem só te dá tormentos
E levanta-lhes a tua mão...
Lavra a terra com o teu arado,
Cavalga esse teu cavalo alado
E deixa-te de perseguir bestas,
Que delas estamos cansados,
Como de ferroadas de vespas,
Mordidos e escoicinhados!...
Levanta-te e segue o teu caminho,
Que mereces melhor destino,
Que servires na escuridão
E, mesmo que seja de mansinho,
Segue os teus sonhos de menino
E nunca os de um charlatão...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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