SOSSEGAM-SE OS VENTOS
Acalmaram-se as tempestades
E sossegaram os ventos...
Os abutres voltaram às herdades
E calaram-se quaisquer lamentos!
Os campos deixaram-se do que eram,
Passos por trilhos esquecidos,
Memórias daquilo que deram
E pelo tempo adormecidos...
No mar, os barcos voltaram ao cais,
Procurando ancoradouros,
Esquecendo-se uns quantos ais,
Em esperanças de novos louros!...
E já não labutam as campesinas,
Trabalhando de sol a sol,
O mesmo sendo com as varinas,
Naquilo que vendiam de rol...
Tudo passou e nalguma esperança,
Já não se monda pela campina,
Nalgum folgo de bonança
E sendo ver quem mais opina!
Mudaram-se os tempos e a vontade,
Por muito estranho que seja,
Apontam-se dedos à liberdade,
Com o olho que não pestaneja...
De um outro, já nascido cego
E, por conseguinte, nunca viu,
Mas vivendo no maior ego,
Daquilo que nunca se serviu!...
Entretanto fazem-se as malas,
Dos senhores de tão boa sina,
A quem os servem metem-se palas,
Ou mandam-se à onda assassina!...
E bons ventos os levam a terra,
Às suas melhores sementeiras
E já novos lobos descem da serra,
Para se encherem e sem maneiras...
Porém dos mesmos, – dos cordeiros! –,
Enquanto os cães esfregam as patas,
Não querendo ser desordeiros,
Com quem os puseram de gatas!...
Sossegam-se as ventanias,
Chegou a hora de acomodar,
Mas vindo um frio das serranias
E ninguém ousa acordar!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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