TAMANHA PEIXEIRADA
Era tamanha a peixeirada,
Na praça do nosso bairro,
Lá pro lado de São Bento,
Em pregões ao tipo Cairo,
Cozinhado feito ao vento.
Eram lulas de caldeirada,
Ou espetada de enguias,
Com polvo de boa fritura,
Bife de tubarão ao ataque.
Nem faltou o fiel bacalhau
Regado com azeite quente,
No sabor de um bom tinto
E escolha de rótulo distinto,
Arroz de tomate e carapau,
Com palavreado à mistura,
Com senso de pouca dura,
No quente da aguardente.
Era chafurdar na fartazana
E entre tanto do que havia
Lá se comiam uns canivetes,
Ou amêijoas na cataplana,
No marchar duns croquetes,
Entre algum arrotar a azia
E no silêncio de um traque.
Serviço a todos e de tudo,
Mesmo arroz à valenciana
E no meio de tanta fartura
Só não havia o que querias,
Ao serviço de tanto sacana
E saco de algum barrigudo.
No meio de tanta festança,
Mesmo alguma salgalhada,
Havia os que já na pedrada,
De tal não tenha lembrança,
Que eram tantos os elogios,
Que nem faltaram assobios,
Nem faltou um pé de dança,
Para se poder roçar a pança;
Era festa para toda a colher
E homem para cada mulher...
Sobra de espinhas no prato
E com batatas em cozedura,
Encheram a barriga do gato,
Que por ali andou à mistura.
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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