VERSOS DO INVERSO
Dói-me a alma e a sola dos sapatos...
Adoro o agre do prazer em todos estes medos,
Num desinteresse dos factos de tais meus actos.
Escorrem-me os azeites dos meus vinagres,
Faço uma amálgama de doces nos meus azedos.
Apertam-se-me todas as pedras à tua volta
E impugno alguma luz nesta nossa escuridão...
Pesa-me a tua lápide nesta minha sepultura!
Gosto dos raios de sol escondido entre as nuvens,
... Dizer-te, à minha partida, que aqui me tens!
Às vezes, chego a pensar que emergi de uma fossa,
Neste olhar à minha volta e em que só vejo merda...
Sinto-me como peixe na água, de barbatanas gastas,
Numa insaciável fome e vontade de vomitar carne.
Quero ser camelo neste deserto, de vazia bossa,
Ser a doçura de um crocodilo e de pele tão dura,
Que já nada lhe entra... salvo nas suas mandíbulas!
Quero saber alguma irracionalidade na minha razão,
Comer as papas do teu saber nessa tua massa lerda...
Adoro ver-te, nessa tua bela imagem, cheia de acne,
Nesses pacíficos cartazes de rua, criadores de revolta...
Confortado zé-ninguém e senhorio de todos os lares,
Que nunca passaste dum monte de fragrante estrume,
Recostado na poltrona desse teu hipotecado palacete
E escondido nesse teu rude sorriso e meigo azedume,
Enquanto discursas nesse maravilhoso tom de falsete.
Doem-me os calos no conforto destes sapatos de casa,
Por entre semelhante luta e que deveras sem causa...
Reconhecidamente grato a tantos e demais ingratos,
Que, nos mais ricos sapatos, beijam os meus chanatos.
... São, tantos, na competência da sua incompetência,
Que se limparão à fralda desta minha incontinência!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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